segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Corredor Infinito


Fotografia da autoria de Gundhardt


Atrás de mim, outra porta jaz.
Outro cemitério se ergue
onde a esperança de novo se desfaz.

Sigo sem saber se estou a sair ou entrar,
sigo sem medo, pois consumiu-o a apatia.
Sigo entre esta penumbra estranhamente familiar.

Persigo talvez um vulto neste infinito corredor,
mas as portas entreabertas começam a escassear
à medida que o desespero ressuscita o temor.

Volto a temer pelo futuro
enquanto outra porta se fecha.
Está agora mais escuro… cada vez mais escuro.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Metallica - Fade to Black

No one but me can save myself
but it's too late!

[que saudades disto... ou então não!]

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Chave


Fotografia da autoria de roseonthegrey

Por vezes a vida encurrala-nos. Amarra-nos a um barco condenado a ir ao fundo. Encarcera-nos num labirinto onde o tempo rapidamente se desenrola, enquanto o espaço de súbito encurta. Ou talvez sejamos nós próprios que nos aprisionamos. Talvez sejamos nós a amarrar-nos à sombra da única árvore que vislumbramos à distância e nos deixemos dominar pelo medo de não encontrar uma outra árvore, uma outra sombra que nos abrace. E um dia percebemos que nos tornámos reféns daquilo que outrora parecia levar à salvação, reféns da incandescente luz que nos cegou para então se revelar uma luz falsa, uma luz negra que pinta a nossa realidade a seu bel-prazer.

Quase agorafóbicos, entregamos o que resta de nós ao acaso. Desistimos. Baixamos os braços, a cabeça, e sentamo-nos. Rezamos mesmo sem saber fazê-lo, implorando para que alguém – ou talvez alguma coisa – surja na nossa vida. Um qualquer deus ex-machina, porque não? Pouco importa no momento, desde que nos mostre que existem outras possibilidades, outras saídas, outro oásis.

Esperamos por um momento de viragem que nunca chega pois, infelizmente ou não, esses momentos nunca nos encontram quando ansiamos por eles. Apenas quando a espera se revela infrutífera descobrimos que tudo o que nos resta é lutar. Lutar com a arma que temos e que não raramente deixamos adormecer: a nossa força de vontade. É a única chave de que dispomos para abrir as inúmeras portas invisíveis com que nos cruzamos todos os dias. Portas estas que nos permitem encontrar cursos de vida paralelos que podemos somente imaginar ao olhar para o lado, mas que parecem infinitamente mais tangíveis quando rodamos a chave na nossa mente. 


[Inspirado pelo tema The Glass Prison - Dream Theater]