quinta-feira, 12 de maio de 2011

Nada do que temos é permanentemente nosso, pois tudo é transitório. Apenas parando o tempo poderemos ter verdadeiramente algo na sua plenitude.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Infinitude

Imagem da autoria de VorX-
A gravidade desvanece
Abandona-me no vazio
E entrega-me ao nada.

Perco-me na infinitude
No abraço vago e angustiante
Que sufoca sem me tocar.

Deixo-me levar pelo espaço
Despeço-me das estrelas
E procuro novas constelações

Embarco na liberdade do desapego
A mesma liberdade que ameaça
Enquanto ilude e conforta.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Novas Memórias

Quero consumir o vazio
Extinguir o vácuo
Eliminar o nada.

Quero apagar o esquecimento
Esquecer o oblívio
E lembrar novas memórias.

Quero ofuscar a escuridão
Cobrir o abismo
E iluminar o dia.

Quero calar o silêncio.

domingo, 20 de março de 2011

Eterno Presente

Imagem da autoria de FrozenStarRo
Há momentos na vida em que nada faz sentido. Momentos  em que a vida deixa de o ser, para se transfigurar apenas numa existência vaga, imprecisa, indistinta e estéril. Ou talvez esses momentos não sejam mais que meros lapsos imaginativos, durante os quais um qualquer véu negro cai perante os nossos olhos, impedindo-nos de escolher um destino e amarrando-nos ao eterno presente, a partir de onde a vista nenhum sentido alcança.

Quando este sentimento nos domina e nos faz acreditar que a vida não faz sentido, temos apenas de desvendar a nossa imaginação e perspectivar novos caminhos, novos sentidos, pois os limites somente existem dentro de nós.

domingo, 13 de março de 2011

Sad but true...


The person who always cares for everyone and tries to keep them happy... is always the most loneliest person in the world


[uma frase com a qual oportunamente me cruzei pela Internet]

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Corredor Infinito


Fotografia da autoria de Gundhardt


Atrás de mim, outra porta jaz.
Outro cemitério se ergue
onde a esperança de novo se desfaz.

Sigo sem saber se estou a sair ou entrar,
sigo sem medo, pois consumiu-o a apatia.
Sigo entre esta penumbra estranhamente familiar.

Persigo talvez um vulto neste infinito corredor,
mas as portas entreabertas começam a escassear
à medida que o desespero ressuscita o temor.

Volto a temer pelo futuro
enquanto outra porta se fecha.
Está agora mais escuro… cada vez mais escuro.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Metallica - Fade to Black

No one but me can save myself
but it's too late!

[que saudades disto... ou então não!]

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Chave


Fotografia da autoria de roseonthegrey

Por vezes a vida encurrala-nos. Amarra-nos a um barco condenado a ir ao fundo. Encarcera-nos num labirinto onde o tempo rapidamente se desenrola, enquanto o espaço de súbito encurta. Ou talvez sejamos nós próprios que nos aprisionamos. Talvez sejamos nós a amarrar-nos à sombra da única árvore que vislumbramos à distância e nos deixemos dominar pelo medo de não encontrar uma outra árvore, uma outra sombra que nos abrace. E um dia percebemos que nos tornámos reféns daquilo que outrora parecia levar à salvação, reféns da incandescente luz que nos cegou para então se revelar uma luz falsa, uma luz negra que pinta a nossa realidade a seu bel-prazer.

Quase agorafóbicos, entregamos o que resta de nós ao acaso. Desistimos. Baixamos os braços, a cabeça, e sentamo-nos. Rezamos mesmo sem saber fazê-lo, implorando para que alguém – ou talvez alguma coisa – surja na nossa vida. Um qualquer deus ex-machina, porque não? Pouco importa no momento, desde que nos mostre que existem outras possibilidades, outras saídas, outro oásis.

Esperamos por um momento de viragem que nunca chega pois, infelizmente ou não, esses momentos nunca nos encontram quando ansiamos por eles. Apenas quando a espera se revela infrutífera descobrimos que tudo o que nos resta é lutar. Lutar com a arma que temos e que não raramente deixamos adormecer: a nossa força de vontade. É a única chave de que dispomos para abrir as inúmeras portas invisíveis com que nos cruzamos todos os dias. Portas estas que nos permitem encontrar cursos de vida paralelos que podemos somente imaginar ao olhar para o lado, mas que parecem infinitamente mais tangíveis quando rodamos a chave na nossa mente. 


[Inspirado pelo tema The Glass Prison - Dream Theater]


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

21 Gramas

Imagem da autoria de GeijvonTaen
Vinte e uma gramas é quanto pesa a nossa alma, dizem. Vinte e uma frágeis gramas é tudo o que nos mantém neste mundo, é tudo o que nos permite ter uma forma, um corpo, uma matéria que protege e acolhe a anti-matéria, evitando assim que esta voe com o vento, como uma folha que sucumbe ao separar-se da árvore.

Vinte e uma gramas é a marca da nossa insuportável leveza, pese embora seja e tudo e somente o que nos distingue de qualquer outro ser vivo sem consciência, sem pensamento, sem emoções, mas que procura ainda assim sobreviver, tal como nós.

Contudo, o ser humano tem uma capacidade da qual, infelizmente, a espaços se alheia. Um poder que tantas vezes ignora e deita por terra. Um poder tão simples quanto segurar uma folha de papel para que ela não esvoace com o vento, tão simples quanto atar pesos a um balão de ar quente para que ele não desapareça entre as nuvens, pois também a nossa alma podemos fixar à Terra. E para fazê-lo temos apenas de povoar as nossas 21 gramas de sonhos, sentimentos, experiências, diversidade e muita alegria. Só assim acabamos por perceber que dentro dessas 21 gramas cabe uma tonelada.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quadro de Vidro

Fotografia da autoria de Kitchen Tent
Lá fora a chuva cai
e a janela, agora habitada,
repleta de gotas,
é inundada pela vida.

Uma vida ilustrada
num quadro de vidro.
Um pequeno mundo paralelo,
ao mesmo tempo estranho e familiar.

Aqui, por cada gota um rumo,
por cada gota uma viagem.
Viagem esta fugaz e cíclica,
cujo final está no início.

No entanto, gotas há
que a outras se juntam
e assim viajam.
Juntas; e tristemente mais depressa.